29 de nov. de 2011

Um pintor e sua musa



Quando começei a me interessar e estudar arte, um dos pintores que mais chamou a minha atenção foi Gustav Klimt. Mesmo sendo bastante discutido no meio artístico, o pintor não é tão conhecido quanto Picasso ou Van Gogh, e talvez seja esse aspecto que tenha me chamado tanto atenção em suas obras: a particularidade. Mais do que isso, a maneira inusitada de se expressar.


Grande percursor da Art Nouveau no século XX, conhecido por quadros dourados, florais, com traços geométricos e que usavam livremente da sexualidade como recurso, Klimt teve sua época mais produtiva entre o final do séuculo XIX e começo do século XX, pintando até 1918 quando morreu de apoplexia. Mulherengo convicto e aventureiro foi aclamado em Veneza por pintar vários retratos femininos, dentre eles o de Emilie Flöge

 
Emilie ficou conhecida por ter sido o grande amor do pintor, com quem começou a ter um romance quando tinha 18 anos. Foi também uma renomada modista veneziana, irmã da mulher do irmão de Klimt. A história gerou um dos quadros mais famosos do pintor 'Retrato de Emilie Flöge', e consequentemente o quadro mais famoso de todos, 'O Beijo'. Os dois também eram atuantes na Secessão de Viena, grupo de artistas que variavam entre arquitetos, designs e pintores, tendo assim um relacionamento não só pessoal como profissional.


 A influência de Klimt (e Emilie) no mundo da moda é grande. Os vestidos criados por Klimt para serem vendidos no ateliê de Emilie, foram um marco na cultura da época, e a influência destes trabalhos na moda foi maior do que se pensou.Os trajes ficaram conhecidos por 'vestidos reforma', por serem inspirados nas idéias do Movimento pela Reforma do Vestuário (séc. XIX-XX), que pregava não somente uma reforma da maneira como as mulheres se vestiam, mas uma reforma do comportamento feminino em si. 'Chega de bonecas com corpetes, rendas e laços! Ao fim com a cintura de vespa! (…)Abram as portas para a mulher que não é somente o objeto de desejo masculino, mas sua parceira ao subir montanhas, andar de bicicleta, ou mesmo no trabalho!', pregava o Movimento.


A inspiração das túnicas africanas, das cores dos tecidos étnicos usados por Emilie, dos quadrados de Mackintosh, tudo se mistura em peças soltas, híbridas de conteúdo e significação. Talvez nada produzido até então poderia simbolizar de maneira tão clara as idéias defendidas pelo Movimento da Reforma.
A breve incursão de Klimt na moda é observada como uma parte menor de seu trabalho com artista. Boa parte dos livros sobre sua obra ignora o fato. O que é uma pena, principalmente para nós que trabalhamos com moda e temos no pintor uma referência enorme no que se refere a cores, estampas, conceito, e no que diz respeito a atender as necessidades que surgem no vestuário com o passar dos anos.




2 comentários:

  1. Adoro o teu blog! o que colocas aqui é exatamente com o que me identifico, a ligação da moda com a arte e o design (:

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  2. Oi Ada! Muito obrigado! Fico feliz em ouvir isso, pois tenho um prazer enorme em fazer isso aqui. Bjs!

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